sexta-feira, 27 de maio de 2011

Mesa redonda com mestres do jornalismo discute o ofício de escrever

Por Pedro Martins

Os jornalistas Audálio Dantas, Caco Barcelos e Claudiney Ferreira, juntos ao cartunista Mauricio de Souza, fizeram nesta quarta-feira (25) um bate-papo sobre questões relacionadas ao processo matriz do jornalismo: a escrita. Em uma mesa redonda inserida dentro da programação do Congresso Mega Brasil de Comunicação 2011, os quatro tocaram em vários pontos que dizem respeito ao universo da produção textual da profissão.

Um dos pontos foi o novo jornalismo. Para Dantas essa escola não nasceu nos EUA, como se costuma dizer, pois antes de lá países como o Brasil já registravam manifestações que aproximavam jornalismo e literatura. Dois mundos que, para o antigo repórter da extinta Realidade, são diferentes, mas podem perfeitamente dialogar entre si.

Diálogo que na visão de Maurício de Souza faz parte do dia a dia do jornalista. “A redação é o berçário dos escritores”, pontuou. Apesar de ser renomado como desenhista, o criador da Turma da Mônica, que trabalhou na redação da Folha de S. Paulo no início de carreira, disse que sempre se considerou “mais um escritor do que um desenhista”. Para ele, a redação é um excelente lugar para aprender a arte da concisão textual.

Souza foi nomeado recentemente membro da Academia Brasileira de Letras. Diante do compromisso, disse que não está assustado. Pelo contrário: “o que tem me dado mais prazer ultimamente é escrever, que é uma forma de criar imagens com palavras”.

Caco Barcelos, autor de livros-reportagem como “Rota 66” e “Abusado”, por sua vez, falou das influências que o levaram a seguir a carreira de jornalista. Dentre elas, os encontros de trovadores que se davam semanalmente em sua cidade natal. “Assim me tornei um contador de histórias”, disse. Quando questionado pelo mediador, o popstar do Profissão Repórter, da Rede Globo, afirmou que não tem em vista a produção de textos de ficção.

Se referindo a uma peça de teatro que escreveu recentemente, brincou dizendo que o empreendimento não foi bem sucedido. A história, baseada em fatos reais, girava em torno de um traficante carioca chamado Osama, que planejava montar uma quadrilha de homens-bomba para matar as mães dos burgueses do Leblon (RJ). “Entrevistei 200 traficantes durante o processo para a escrita do Abusado e todos me falavam que não conseguiam ver a mãe, que trabalhava durante toda a semana como empregada doméstica, chegando tarde e saindo muito cedo”, explicou. A partir desses relatos, surgiu a ideia para a trama, contou.

Sobre a arte de escrever um livro, o mediador Claudiney Ferreira questionou aos participantes da mesa o que era mais difícil: começar ou terminar uma história. Barcelos disse que todo o processo “é muito difícil, bastante sofrido”. Souza e Dantas concordaram dizendo que a conclusão é a parte mais complicada. O ex-repórter de Realidade fez o público rir ao contar que está há meses tentando finalizar sua última obra, que se estende pelos últimos quatro anos. Trata-se do livro “A 2º Guerra de Vlado Herzog”, que ele promete entregar para a editora ainda esse ano, com documentos oficiais do governo tratando do assassinato do jornalista por agentes da ditadura militar (1964-1985).   

Comunicação Corporativa
O Mega Brasil deve reunir 40 palestrantes até o final dessa semana, em torno do tema central O Brasil Sustentável e as Novas Fronteiras Digitais e Sociais da Comunicação Corporativa. O evento acontece no Centro de Convenções Rebouças.

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