segunda-feira, 31 de maio de 2010

Fui-me embora, por Vanessa Macedo

Em menos de seis horas percorri o primeiro caminho para chegar até aqui. Entre as nuvens mal senti os 2935 quilômetros de distância entre São Paulo e Belém do Pará (sim, eu chequei no Google). Na verdade foi tudo tão rápido que nem deu pra sentir muita coisa. “Mãe, passei.” “Compra já a tua passagem enquanto eu arrumo tua bagagem”. Em tempo recorde as malas estavam prontas, dentro delas roupas dobradas e lembranças amarrotadas de um passado de 23 anos.

O kit vida nova veio completo, inclusive com um pacote novo de preocupações. É, porque sempre tem algo incomodando o ser humano, o que mudam são os objetos da insatisfação. As velhas expectativas profissionais, acadêmicas e pessoais triplicaram. Justiça com as proporções da nova cidade.

Fator agravante é aquela palavrinha que inexplicavelmente não tem correspondente em outro idioma. Saudade. Da família, do namorado, do almoço pronto na hora, de andar na cidade sem precisar pedir informação e consequentemente não se perder ao descobrir que foi enganada por um cobrador de ônibus.

Saí da pacatacaótica Belém para a caóticalíquidapósmoderna São Paulo. Sinto-me no olho do furacão, rodeada por todas as oportunidades e problemas que um lugar pode oferecer. Como disse nossa colega Lígia – amiga transportada do jardim de infância diretamente para a megalópole-, é hora de desafios. Na minha assustadora e fascinante Pasárgada, onde a existência é aventura.

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